Fui assistir ao Espetacular Homem-Aranha com aquela dúvida sobre o que poderia haver de novo em matéria de ação/emoção que já não tivesse acontecido na trilogia anterior e sai do cinema com a sensação de que as minhas dúvidas faziam sentido. Exceto a opção de assistir em 3D, que não foi a que eu assisti, o novo Aranha não acrescenta nada de diferencial e surpreendente como os anteriores dirigidos por Sam Raimi. O ator não tem o carisma de Tobey Maguire por mais que se esforce em parecer um Peter Parker bobo ou um Aranha piadista. Achei que ele cabia melhor num destes filmes de vampiros adolescentes; visualmente a tia May dos filmes anteriores é muito mais caracterizada e assemelhada ao gibi que a atual e o vilão não surpreende mais que o Homem-Areia e Venon em efeitos especiais. O início do filme é muito lento e a coisa só pega pra valer quando o Aranha começa a se balançar nas teias entre os prédios de N.Y., aliás usando a mesma técnica espetacularmente lançada na trilogia anterior.
Comentei minha opinião com meu filho e ele me disse que leu uma crítica que dizia que depois deste novo Aranha aquele primeiro, que tem o duende verde, parecia filme dos anos 80. Eu acho que esse crítico que escreveu isso entende tanto de cinema quanto eu entendo de aeronaves espaciais. Até o perdoo se em 2002 ele era um adolescente de 15 anos e desconhece a história recente do cinema, que deve ser o caso. Diria até que 50% de tudo que há de bom novo Aranha só acontece por conta da trilogia anterior, especialmente pela direção de Sam Raimi.
Sam Raimi era um diretor desconhecido nos anos 80 que se transformou num sucesso de locadora. Com uma câmera vagabunda e uns amigos fez um filme de terror assustador de baixíssimo orçamento introduzindo uma nova técnica de filmagem com mudança no plano de tomada da imagem (câmera correndo junto ao chão, imagem recuando em velocidade, etc.) incluindo tomadas inovadoras em primeira pessoa como no game Doom. Evil Dead foi filmado em uma cabana em poucas semanas e se tornou uma trilogia com Uma Noite Alucinante II e III, sendo este último um "terrir" com muitas cabeças arrancadas por uma moto-serra.
Depois de muitos projetos toscos e de passar por vários estúdios e diretores que não conseguiram transpôr o aracnídeo para as telas (veja aqui), o filme caiu no colo de Sam Raimi que tal e qual fez J. J. Abrams com Lost e depois com Missão Impossível e Chris Nolan com Batman, colocou o herói no patamar que ele merecia no cinema.
Claro que esta nova versão tem todo interesse do estúdio e dos produtores em recontar a história partindo da adolescência do Aranha, mas repito, não vi nada de novo no front.