No quintal do colégio que eu estudava havia uma goiabeira que dava umas goiabinhas arredondadas e duras. Perfeitas pra se jogar futebol.
Naqueles horários em que algum professor faltava, a gente enchia o bolso de goiabas e ia para a quadra e fazia um desafiado com dois de cada lado; ficávamos ali jogando pelo tempo que fosse necessário ou até quando todas as goiabas se partissem.
Depois evoluímos pra bola de meia recheada de papel e finalmente para a primeira bola batizada que eu me lembro: a dente de leite. Acho que o sonho de dez garotos em dez, naquela época, era ter uma bola dente de leite. Ela tinha este aspecto da foto ao lado, mas não era de couro.
Com ela as peladas da escola ficaram mais animadas. E os castigos por faltar aula pra jogar futebol, também.
Aí vieram pra mim as bolas de couro, de salão e de futebol de praia.
Depois de ter marcado mais de 1.000 gols no campinho da casa de Luís, lá no Olho D'água entre o primeiro e terceiro ano do ensino médio durante os finais de semana, mudei de cidade e fui deixando lentamente de jogar bola até aposentar precocemente o craque que havia em mim, tornando-me apenas um espectador do futebol.
O que eu nunca havia percebido antes desta Copa era que bola tinha nome. Pra mim era somente bola. E nunca tinha visto tanto celeuma sobre a suposta "vontade" da bola: atacante e goleiro queixando-se da trajetória da Jabulani.
As goiabinhas da escola também não iam exatamente aonde a gente queria, mas cada um de nós sabia como e o que fazer quando jogava com elas. Afinal, craque não precisa de desculpas da bola pra mostrar seu futebol. Só os perna-de-pau reclamam.
Palavras de quem marcou mais de mil gols.
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