No 8º Salão Internacional do Luxo, aberto nesta sexta-feira em Verona, na Itália, uma das cerejas do bolo é um caixão de ouro equipado com um telefone celular. Segundo seus criadores a utilidade de um telefone no caixão é para enviar mensagens para os parentes, caso a pessoa tenha sido enterrada viva. O preço (desculpe a piada infame) é de matar: 381 mil dólares.
Os herdeiros de uma pessoa que pode dispor de um caixão de ouro são os primeiros a querer enterrá-lo. Vivo ou morto.
Agora veja a situação do usuário e suposto falecido algumas horas após o velório e o enterro: a pessoa acorda lesada da catalepsia tentando se lembrar do que aconteceu e onde está. Quando se dá conta do espaço reduzido em que se encontra, percebe que seu pior temor aconteceu: foi enterrada viva. No meio daquela escuridão com cheiro de terra úmida e cravo-de-defunto, começa desesperadamente a apalpar as paredes do caixão a procura do celular. Instintivamente encontra-o e liga pro único número que foi inserido na tecla de atalho para facilitar a vida do moribundo no momento de pânico, e então: tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu. Telefone ocupado. É porque neste momento, o parente do outro lado da linha está recebendo os pêsames dos amigos do falecido. E que são muitos. Afinal, caixão de ouro atrai bajulação.
Nova tentativa. O ar ficando rarefeito. A mão trêmula. A voz irritante do outro lado diz: o número chamado encontra-se fora da área de serviço ou temporariamente desligado.
Começa a chover e a água que desce pelo solo, infiltra-se no caixão. "Nesse preço e nem é a prova d'água" pensa rapidamente, na lucidez que lhe resta. Deve ser por isso que caixão não tem garantia como geladeira e fogão. Quem é que vai reclamar de infiltração?
Suor. Um calor do inferno se aproximando. Mais uma tentativa e uma resposta rápida na tela do celular: rede ocupada. O pânico tomando conta e ele se lembra que hoje feriado emendado com final de semana. Ô dia pra morrer!
Insiste. Nada. Repete. Nada. Subitamente cai a ficha de mandar um torpedo. É isso! Arranca forças lá do íntimo e enquanto digita a mensagem a bateria descarrega. Puft!
Dias depois, os parentes reunidos após o jantar comentam sobre o falecido:
- É! Pelo menos morreu em paz.
- Eu temia receber uma ligação daquele celular. Teria sido enterrado vivo!
- Deus me livre! Íamos todos sair daqui correndo pro cemitério.
- É verdade! Que Deus o tenha!
- Amém!
Acho sinistro caro leitor? Mais sinistro ainda é depois de umas duas semanas o parente receber um torpedo, no meio da noite, daquele celular que tá lá no caixão a sete palmos, dizendo mais ou menos assim: se liga meu querido, o próximo será você!!!!
2 comentários:
O duro é ligar para o 191 e o atendente ainda pedir todas as referências possíveis para mandar o resgate. A ideia é sempre sinistra independente do número que receberá a chamada, rs. Abraços, gostei do texto.
Bela crônica ,sensível humor ,mui bem colocado,prazer enorme,Meu Bom Joge Jansepoder te seguir e neófito seu ,yes aprender!
viva la vida !
te abraço!
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