Nos meus áureos tempos de estudante universitário (Áureos tempos. Essa foi pesada...), morei durante um semestre com um colega que era extremamente perfeccionista. Vou tratá-lo pelo fictício nome de Elias para preservar sua identidade. Era do tipo que ao preparar leite em pó, lia e seguia rigorosamente as instruções da embalagem; ao fritar duas tirinhas de bacon, guardava a gordura para reutilizar em futuras frituras. E me criticava quando via que eu desprezava estas regrinhas ordinárias. Afinal eu era um jovem e desregrado de vinte e poucos anos e gostava disso.
Certa vez retornando para o ano letivo, reencontramo-nos no apartamento que havíamos alugado e durante aquela conversa sobre o que tínhamos feito nas férias, ele me mostrou algumas "novidades" que tinha trazido para apimentar a relação com sua namoradinha. Era uma dessas revistas das prateleiras altas das bancas, do tipo 50 Posições Sexuais e uma quantidade enorme de preservativos de cores e formatos variados. Ele que já tinha uma cara de cientista-maluco, tava parecendo o King-Kong quando viu a loirinha do filme. Vatre-Retro!!!
Dias depois, numa happy-hour universitária de fim de tarde, alguns colegas da trindade do copo que conheciam as manias de Elias e o meu temperamento, me perguntaram como estava o nosso grau de tolerância mútua. Daí, comentei ironicamente sobre a revista e os preservativos. Como os colegas sabiam do perfeccionismo do cara ilustrei a seguinte situação: "Tá tudo bem. A gente se vê mais em sala de aula. Em casa ele passa a tarde com a namorada no matadouro do quarto fazendo o passo a passo dos preliminares que leu no prefácio da revista, sobre como beijá-la e excitá-la ao ponto de abate; depois vai na página 35, posiciona a namorada na cama tal e qual a fotografia, levanta um dos joelhos dela, vira-lhe a cabeça de forma que os cabelos cubram parcialmente o rosto, afasta os lençóis, deixa os travesseiros jogados involuntariamente no chão, lê atentamente as instruções da embalagem do preservativo e na hora do vamos-ver, com a namorada já ansiosa e subindo pelas paredes feito lagartixa, ele olha de soslaio para a revista pra ver se a cena está ok e daí, subitamente, pára tudo; salta da cama enquanto ela pergunta com voz de gatinha manhosa: ah, amor o que foi? Volta pra mim! E ele olhando em volta do quarto, desesperadamente procurando por algo, diz: Peraí, peraí, que tá faltando um vaso de flores aqui do lado, na cabeceira da cama... Sem o vaso de flores nada feito!!!"
2 comentários:
Perfeccinista?
Esse Elias era Elisa...!
Matadouro?
kkkkkkkkkkkk
Dani
E ele namorava...O que o amor não faz para as pessoas se tolerarem...
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