Andei afastado uns dias por problema de memória. Memória do micro, esclareço. A minha vai muito bem obrigado, tanto que assisti semana passada num destes revival de Copas, o VT do jogo Brasil X Itália da copa de 82 e me veio na garganta a amargura de um porre de vinho daquela tarde e a lembrança de um sofá furado.
Vinte anos na pele, morávamos em Fortaleza numa república eu e mais tres desalmados cuja vida extra-faculdade era regada a garotas, bebidas e muita música, até porque o talento de um de nós era tocar uma violão muito afinado de juntar gente pra ouvir. O talento dos outros tres era beber³.
Mas não vou pormenorizar detalhes alheios. Continuarão como páginas coladas na biografia de cada um. Voltando ao que me motivou a escrever o post, reporto-me ao jogo. Ah, o jogo... Sala cheia, copos cheios, cinzeiros cheios, garganta cheia esperando o berro do gol de empate quando a Itália vencia por 3X2 e nos eliminaria da Copa. Bastava um mísero golzinho sair dos pés de Zico, de Sócrates, de Falcão ou de qualquer outro, que avançaríamos na competição e o tetra estaria mais perto do que nunca.
Eis que surge a oportunidade numa falta a ser cobrada por Éder. Tensão. Barreira se arrumando. Todo mundo se levanta do seu muquifo... Coração dispara! Silêncio sepucral menos pra um dos colegas que pesando seus cento e poucos quilos resolve subir no sofá novinho da sala e se danar a pular gritando: "Vai Éder, vai Éder, vai Éder!" E Éder foi. Só que antes de Éder ir, quem foi pro espaço foi o sofá que não aguentou o peso do animalzinho e abriu um rombo no meio.
E Éder não marcou o gol, o Brasil perdeu o jogo, saiu da copa e ficamos com aquela monstruosidade de arte moderna rasgada no meio da sala.
Mas sabe como é a criatividade de estudante, né? Aquele buraco no sofá serviu posteriormente para estocar as garrafas de vinho vazias que antes ficavam perambulando pelo chão da sala pondo em risco nossa integridade física. Afinal, qualquer um de nós poderia tropeçar e cair!
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