quinta-feira, 28 de julho de 2011

AMY ON THE ROCKS

Eu tenho uma queda descarada pela música inglesa, ou sendo mais honesto, pela música britânica, pra não deixar de fora os irlandeses do U2 e a escocesa KT Tunstall. Às vezes quando ouço um pop que gosto no rádio e vou conferir, na maioria das vezes, é de uma banda/cantor britânico. Outras vezes quando eu já não acho assim tão legal, vou conferir e é americano. Claro, tem que goste de Bon Jovi, de Lady Gaga, mas esta não é minha praia. Eu prefiro caminhar por Portobello Road ao som do reggae. Mas não vou ser tão radical. Algumas coisas se salvam no pop/rock americano, como o Cake.

Outro dia assistindo Didi Wagner em Londres, no Multishow, ela fez a pergunta que é o santo graal disso tudo: "o que será que tem na água daqui pra ter gerado tanta música, tanta banda boa?" E citou Beatles, Stones, Led Zeppelin, Pink Floyd, Oasis, Queen, The Who, etc, etc, etc. Só lembrando o que me veio rapidamente na cabeça.

E essa trupê toda aí de cima tá aqui guardada no HD deste micro que vos escreve. Penso até que pra gostar tanto do som da terra da rainha, eu devo ter sido Henrique VIII em outra encarnação, só pra ter o gosto de romper com o papa e traçar as irmãs Bolegna (de preferência interpretadas por Scarlett Johansson e Natalie Portman, que eu não sou besta!).

Mas o graal que a Didi procura em Londres deve ser água que passarinho não bebe. Aquela em forma de gelo que acompanha o malte escocês lá das Highlanders ao som das gaitas. A água da vida que já mandou muito tresloucado pro buraco. E eis que de vez em quando passam por nós umas constelações musicais tão rápidas que quando nos damos conta elas já se foram. Como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Kurt Cobain, Jim Morrison, Brian Jones. E agora Amy Winehouse. Replicando o que Cazuza diria: "Meus heróis morreram de overdose!" Todos aos 27 anos!

A primeira vez que ouvi falar de Amy foi numa resenha do disco Back to Black escrita, por Airton Seligman (eu acho, mas posso estar enganado). O cara rasgou a seda e como eu sei que ele entende do babado musical, saí atrás de garimpar a tal bolachinha na internet. Nessa época eu estava morando em Codó City e quando o disco chegou fizemos uma audição musical do mesmo na big-mega sala de som de meu amigo Bocão, derrubando umas doses homeopáticas do velho Johnny Caminhante (desde então ficou notório que o som de Amy deveria ser destilados com um bom uísque com gelo e tira-gosto de salame. Ah, estas influências musicais...)

Autobiográfica até a medula como o título de uma antiga canção de Ednardo intitulada "Meu Corpo Minha Bagagem Todo Gasto na Viagem" Amy, com seu visual de diva retrô, foi a versão de saias de Rimbaud, o precursor de todos os porra-loucas da música e da poesia, do qual me vem na cabeça o verso inicial de Uma Temporada no Inferno:
"Antes, se me lembro bem, minha vida era um festim em que se abriam todos os corações, todos os vinhos corriam. Uma noite, fiz a Beleza sentar no meu colo. E achei amarga. Injuriei."

Agora que se fez luto na música com a crônica de sua morte anunciada, impossível não transparecer assim que os artistas são seres egoístas. E os artistas suicidas são egoístas doentes. Porque permitem voluntariamente que a morte expurgue de nós toda a criatividade que poderiam compartilhar conosco. É o artífice da Beleza que permite sua autodestruição. Como se o combustível do processo criativo dependesse de uma overdose de coquetéis recheados de amarguras musicais.

Então tá. Vai, Amy, vai tocar tua gaita no céu.

Um comentário:

Jéssica Araujo disse...

NOSSAA! Jorge concordo realmente com relação a musica Britanica!! gentee os classicos ---nunca tinha percebido esse detalhe! ( que na minha lista entra a amy) pouquissimas vezes vi uma cantora cair na boca do povo e ser realmente boa! (detalhe na sua maioria morreram jovens medo#) kkkkk' beijaoooblect