terça-feira, 30 de novembro de 2010

NO TOPO DA ESCADA E O QUE LENNON ENCONTROU POR LÁ

Benhê! Já que vai usar a escada, aproveita e troca a lâmpada!

O dia que Lennon subiu a escada e leu o minúsculo YES no oráculo de Yoko Ono, uma borboleta bateu as asas e uma vertigem desabou sobre a cultura pop. Numa assimetria imensurável, este fenômeno causou mudanças profundas na sociedade durante a década seguinte.

Um dos comportamentos que eu mais admiro do ser humano é sua capacidade de mudar. Às vezes nos encontramos ao rés do chão e quando tudo parece adverso vem aquele insight do fundo da alma que nos transforma noutro ser, melhora nossa auto-estima e nos coloca novamente no topo das relações. Uma necessidade súbita que põe à prova nosso compromisso com o universo: o que eu estou fazendo aqui? o que posso deixar de útil na minha passagem pelo planeta? como posso me tornar alguém mais interessante no meu relacionamento interpessoal?

Também mudamos quando estamos bem ou quando tudo parece estar bem a nossa volta como se quiséssemos superar o tédio e a monotonia do que nos cerca e romper o marasmo de nossa criatividade. Acionando o processo de inquietação dos sentidos, a resposta a várias destas perguntas necessita, às vezes, de um mergulho nonsense como no mundo de Alice para buscar no absurdo de um brainstorming com o Chapeleiro Maluco ou numas tragadas de narguilé com a lagarta, a busca do seu eu profundo.

Claro que esta transformação não é tão simples e nem todos mudam. E a velocidade é relativa para cada um. Na verdade a acomodação é a regra. Um exemplo clássico é o trabalho. Especialmente aqueles que garantem estabilidade: salário + benefícios + aposentadoria. Dessa forma, quem quer mudar? 

Não percebemos que a mudança pode gerar satisfações enormes mesmo aquelas feitas em pequenas escalas. Usar um domingo pra praticar um hobby antigo, aprender finalmente a tocar um instrumento, praticar aquele esporte que você vem adiando a décadas....

Acho que as pessoas que não buscam mudanças nas suas vidas tendem ao envelhecimento precoce de ideias e de comportamento, como citou Roberto Pompeu de Toledo em um de seus ensaios sobre a mudança social após a década de 50. São palavras dele:

" Na década de 50 só havia o velho. O ideal era ser velho. As moças, tão logo saíam da puberdade, vestiam-se e penteavam-se como suas mães ou avós. É só conferir nos retratos de nossas mães ou avós. Os meninos, tão logo deixavam as calças curtas, vestiam um terno, de preferência cinzento, e metiam um chapéu na cabeça. Bacana era ser, ou pelo menos parecer, circunspecto como um velho.
Na década da grande virada que foi a de 60, o jovem tomou espetacularmente o lugar do velho. Três grandes fatos mundiais estão na origem do fenômeno. A troca da presidência americana, de Eisenhower por John Kennedy, o surgimento dos Beatles e o maio de 68 na França."

Não deixe passar despercebido seus oráculos. Não envelheça suas ideias. Suba na escada. Mude.

domingo, 28 de novembro de 2010

MINHA QUASE-VIDA DE MARINHEIRO


Anos atrás quando aceitei trabalhar em Pinheiro, na Baixada Maranhense, sabia que atravessaria de ferryboat a baía de São Marcos, toda semana, num percurso de uma hora conforme a maré.

Durante o tempo que fiquei por lá, foram cerca de 400 travessias e da aflição inicial passei para o processo de aprender a caminhar na embarcação, cambaleante como os marujos fazem, desenvolvendo o equilíbrio marítimo ao compasso das ondas e depois de um tempo já me achava apto  para pilotar o ferry, atividade que nunca  me foi oferecida não sei por que razão.

Nesta 400 travessias aconteceu um único incidente. Porém inesquecível. Durante uma travessia noturna nos meses do BRO (outubro, novembro e dezembro) que é a época de empinar papagaio pois venta muito e o mar fica agitado, a tampa da frente da embarcação abriu e o ferry ficou de boca aberta parado no meio do mar e as ondas que batiam de frente molhavam dezenas de carros no convés inferior. Foi um corre-corre dentro da embarcação, todo mundo colocando coletes salva-vidas. Naquele dia tinha recebido meus ticktes alimentação que ainda eram de papel. Eu olhava praquele marzão escuro e pensava que daqui a pouco eu estaria ali boiando com o colete: Pqp! vai molhar todos os meus ticktes.

Daí me lembrei que no topo da balsa existiam uns botes e então procurei subir até lá onde encontrei mais umas quatro pessoas que já tinham tido a mesma ideia. Fizemos o pacto de que caso necessário a gente iria junto e dava um jeito de bater perna até uma ilhota próxima.

Neste ínterim aguardamos um salvamento. Primeiro apareceu um helicóptero sobrevoando a área mas depois deu meia volta e foi embora. Era de um canal de tv. Como ainda não tinha acontecido uma desgraça, não havia notícia. Também porque não tinha ninguém famoso na embarcação, nem um mísero deputado. Mas do males o menor, pois um amigo me disse que não gosta de viajar com ninguém famoso porque se houver um acidente ele morre como indigente.

Algumas embarcações passavam mas só buzinavam pra nós.  Depois de uma hora à deriva, a maré encheu mais um pouco e o comandante da barco consegui desencalhar o ferry e resolveu voltar ao porto por segurança, mas a embarcação só consegui chegar até cerca de 100 metros antes do cais, pois encalhou novamente. Horas depois, chegou outro ferry com os mergulhadores que iriam resgatar a tampa da embarcação do fundo do mar para poder fazer os reparos necessário. Quando falaram em mergulhadores eu imaginei aquela coisa de filme americano com máscara, tubo de oxigênio, pé de pato e os salva-vidas de Baywatch ( incluindo a Pamela Anderson ). Daí quando a equipe de mergulhadores saiu do barco foi hilário: era o fake dos fakes do jamais imaginado despreparo técnico de salva-vidas. Porém, da maneira mais rude possível eles conseguiram resgatar a tampa da embarcação e conseguimos realizar a travessia.

Depois fui a São Paulo e passei na marginal Tietê engarrafada com uns colegas da empresa e um deles, irritado, disse que pegava aquele engarrafamento toda manhã. Daí não perdi a chance de causar inveja no grupo quando disse que toda segunda de manhã eu ia de balsa para o serviço, sentado no convés sob um sol suave e admirando o mar e suas ilhas com uma nuvem de gaivotas acompanhando a embarcação.

Mas nunca esqueci da equipe cover de Baywatch que veio em nosso socorro: dois subnutridos e um baixinho atarrancado todos só de sunga velha, sem equipamento nenhum, mergulhando de apneia na água escura com ajuda do holofote da embarcação. Mas dos males o menor, pois estamos vivos pra contar a história.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

DEUS, O PECADOR

Cara, tá faltando só tua mulher aqui!

Deus chegou de mansinho no estúdio de Abbey Road com sua Gibson Les Paul desconfiado do que John e Paul iriam achar dele estar ali dedilhando acordes em música alheia. Mas como o convite partira de George,  seu amigo de fé irmão camarada,  ele se deixou levar pela autoconfiança passada pelo amigo que havia dito que a música que ele iria tocar era dele e que ninguém iria dar pitaco.

E foi assim: Lennon & Paul gostaram dos solos de Deus em "While My Guitar Gently Weeps" nos takes para o Álbum Branco e ratificaram aquilo que jovens fãs do Cream haviam pichado pelos muros daquela Londres no início dos anos 70: "Clapton is God"

Se a coisa tivesse ficado por aqui, o quase 5º Beatle teria ficado apenas como referência musical na ficha técnica do disco. Mas aí, depois de muito oba-oba de sexo, drogas e rock'n'roll, Deus desobedece o nono mandamento e resolve dar em cima da mulher de George  se declarando através de cartas, compondo uma inspiradíssima canção e depois levando a desavisada prum apartamento secreto em Kensington para lhe aplicar um migué:

"Clapton me pediu para escutar uma nova música que ele havia escrito. Ele ligou o gravador, aumentou o volume e tocou pra mim a música mais poderosa e tocante que eu já havia escutado. Era "Layla", sobre um homem que se apaixona perdidamente por uma mulher que o ama mas não está disponível. Ele tocou para mim duas ou três vezes, olhando meu rosto a todo momento para ver minha reação. Meu primeiro pensamento foi: Oh meu Deus, todo mundo vai saber que é pra mim.", disse a esposa do desavisado George já caindo em tentação.

George não levou aquilo a sério pois estava envolvido com os deuses hindus entoando mantras ao som de cítaras e baforadas de incenso até que o triângulo amoroso começa a pesar mais sobre sua cabeça. E aí não teve jeito: acabou perdendo a mulher para a qual já havia composto uma das mais lindas canções dos Beatles: Something.

Clapton, onipresente como sempre, tratou de assumir o relacionamento que ele ajudou a destruir com a ex de George mas nem por isso ficou com fama de amigo-da-onça. Sobre o dia em que Deus tocou guitarra com os Beatles, George ainda faria o seguinte comentário sobre o amigo que lhe roubou a mulher: "A presença de Clapton no estúdio serviu para desanuviar as tensões entre o grupo e eles tiveram uma melhora em seu comportamento na sua presença."

Em 29 de novembro de 2002, Clapton, Paul McCartney e Ringo Starr tocaram "While My Guitar Gently Weeps" no Concerto para George em memória de Harrison, que morreu um ano antes após uma longa batalha contra o câncer.

E o que eu aprendi com isso: que só o verdadeiro amor produz  coisas lindas, pois  Something é uma canção muito mais bonita que Layla.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

BARRADO NO CINEMA

Na época que o tamanco era moda, tomei um banho, botei uma roupa bacana, peguei o ônibus e fui pro centro assistir um filme no Cine Roxy. Fui barrado na porta porque estava de tamanco, ou xamató como se chama por aqui. Revoltado nunca mais pus meus pés por lá e aguardei a falência do cinema.

Na década de 80 os cinemas mais legais eram aqueles de rua. Geralmente eram prédios suntuosos com muito luxo como ainda são os teatros mais clássicos. Lembro de ter assistido a grandes sucessos de bilheteria nestes cinemas como a trilogia de De Volta para o Futuro, os 3 primeiros Indiana Jones e outros cult como A Vida de Brian, do Monty Python.

Hoje o Cine Roxy ainda resiste a duras penas passando filmes pornôs a R$ 2,00 para os tarados de plantão. Pela oferta de pornografia exibida nos cartazes junto a bilheteria acho que ninguém se importa se lá dentro alguém resolve ficar nu.

A decadência é uma merda. Afinal, nunca se sabe quem pode lhe jogar uma praga. Saca aquela cigana de "Arrasta-me para o Inferno?" Foi só um botãozinho que ela tirou do blazer da loirinha...

Para um cinema que barrava a entrada das pessoas pelo que elas estavam vestindo, a decadência tem cheiro de esperma alheio.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O PECADO DA GULA

Acho que meu maior pecado capital é a gula.

E assim sou um pecador de bucho cheio, pois adoro comer e minha vida cosmopolita permitiu-me experimentar diversos sabores inesquecíveis como a galinha com pirão de parida da estrada de Timbiras,  carneiro grelhados e cozidos do interior do Ceará, delícias árabes na casa de Naby e, puxando saco da patroa, o baião de dois com feijão verde e queijo coalho daqui de casa.

Mas eu não sou gourmet. Gourmet é aquele cara que sabe o nome de mais de cinco tipos de queijo. Coisas de que é muito fino ou é muito fresco.

Mas quem experimenta de tudo também corre o risco de cometer gafes ou ficar desapontado com o prato que escolheu. Uma das minhas gafes de guloso aconteceu em Salvador, durante um Congresso, quando fui experimentar um abará que vinha acompanhado de uma creme branco parecido com uma maionese. Com o olho maior que a boca, caprichei no creme e enfiei o abará na boca. O creme era pura pimenta. Nesta hora  o dragão de São Jorge espalhou labaredas por todos os lados. Apagadas, oportunamente, por uma caneca de chope estupidamente gelada do evento.

Outra vez em São Paulo saí para almoçar com uma conterrânea minha e sua filha, num restaurante simples na esquina de uma alameda, e observei que cada uma delas escolheu uma porção de galeto.  Daí estranhei quando o garçon perguntou que acompanhamento elas queriam. Aí optaram por arroz, salada, batata frita, etc. 

- Vão querer feijão? perguntou o garçom.
- Não, responderam as duas. 
- E o senhor? 
- Vou querer galeto também.
- E pra acompanhar? 
- A mesma coisa delas.

Depois perguntei pra minha amiga:
- Vem cá, aqui quando a gente pede uma refeição só vem o galeto? Não vem nem a farofa?
Daí ela disse:
- É, aqui é assim! Tem que pedir as outras porções separadas.

Daí disse pra ela, conhecedora do assunto:
- Porra que saudade de Codó... Lá quando a gente pede uma refeição vem o galeto, arroz, feijão, farofa, macarrão e salada. Neguinho come que fica triste...
- É verdade...E no final ainda rebate tudo com guaraná Jesus! concluiu minha amiga.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

NOVA IORQUE, BRASIL


Anderson Clarkson da Silva, nosso imaginário morador de Nova Iorque não anda de carro. Religiosamente, às 7 em ponto, depois de um breakfeast de café preto e beiju ele sobe na sua Monark verde-abacate 1974, aro circular, e segue diretamente em direção ao seu cultivo de orgânicos, ou no coloquial novaiorquino nordestino, sua roça de milho e mandioca. 


E no sábado, quando volta do trabalho, sempre dá uma esticada no rio. Porque o rio continua lindo. E sábado é dia de praia cheia. E quando quer impressionar umas garotas, Anderson Clarkson as convida para dar uma volta no seu barco, modelo canoa a remo 3 lugares. De Nova Iorque ele as leva até o restaurante Cotê d'azur em Guadalupe. Elas não resistem.

Confuso, leitor? Eu explico.

No sudeste do Maranhão existe uma "fronteira internacional" pouco conhecida: do lado de cá, Nova Iorque e do outro lado, Guadalupe, no Piauí. E entre elas o rio Parnaíba.

Apesar de situar-se nas margens da MA-369, Nova Iorque parece uma daquelas cidades perdidas da rota 66. É um lugar tão remoto que nem é possível achá-lo corretamente no Google Maps; se você inserir Nova Iorque, Maranhão ele vai lhe direcionar erroneamente 500 km a noroeste do verdadeiro local, na Baixada Maranhense. A melhor maneira de visualizar sua localização é ir no Google Earth e procurar pela Represa de Boa Esperança onde nas suas margens situa-se Guadalupe, um oásis no Piauí. Repleta de lazer na área da represa, a cidade é tão "internacional" que nas minhas pesquisas para o post descobri que por lá tem até um restaurante chamado "Cotê d'azur". Vous parlez français, mon ami?

No auge dos V-8 nacionais, eu sonhava o dia que teria o meu possante com a placa de Nova Iorque-MA, a mesma que Anderson Clarkson ostenta na sua velha bicicleta de aro circular enquanto trafega despreocupadamente pela cidade.

O único risco que corre por lá é de levar uma queda quando os cachorros alvoroçados - sem outro ofício do que fazer na pacata cidade -  saem em disparada pelos portões das casas correndo atrás dos pneus da sua bicicleta quando ele passa fazendo trim trim com sua buzina para as novaiorquinas nas janelas.

E elas ficam sorrindo com aquelas carinhas piriguetes de Sex and the City.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

NA PASSARELA DO MENDIGO'S FASHION


O multimídia Pedro Paulo me postou chateado por eu não ter comentado aqui no blog sobre o 1º Mendigo's Fashion Chic promovido por ele e a socialite Heloísa Faissol, dia 25/10 em São Paulo. Vou tentar me redimir e ao mesmo tempo fazer a pergunta que não quer calar: afinal, quem ganhou o Ramelão - o BBB da periferia?

O povo quer saber.

Agora, flanando pelas passarelas do mundo fashion de Dolce & Gabbana, Pierre Cardin, Hugo Boss e outras marcas, Pedro Paulo arregimenta seus modelos na rua. Visual urbano. Tendência Verão 2011. No lugar das modelos da Victoria's Secret utilizou a massa marginalizada da sociedade das ruas paulistanas e não fez feio: a irreverência foi mais uma vez a marca registrada e ao mesmo tempo deixa a mensagem de alerta social sobre a quantidade de mendigos e as condições que eles vivem nas metrópoles brasileiras.

Sabe-se de histórias recentes de sucesso no mundo da moda como a grife De Puta Madre que foi criada por dois ex-traficantes presos na Espanha e que após a injeção de dinheiro de investidores italianos virou febre na Europa e depois ganhou o mundo. E também daquela modelo que foi descoberta num lixão do Rio

Quem sabe se daqui a pouco Pedro Paulo não faz um estágio na alta costura com Jacques Leclair e começa assinar suas próprias produções? Mas nesse caso tem também que mudar de nome. De preferência um bem afrescalhado tipo  Pierre Paulet. Ui! Aí é só jogar a marca no mundo. Minha sugestão de nome para a grife é Doce & Bacana ( não esquece minha parte nos royaltes pela ideia ).

Afinal no mundo da moda nada se cria. Tudo se copia.

sábado, 6 de novembro de 2010

EU ESTAVA LÁ



Última sexta-feira das férias e show de Zeca Baleiro na Ilha.

Peguei o batmóvel e fui lá, afinal Zeca é um dos meus artistas prediletos tanto pelo seu talento como músico e intérprete quanto pela sua verve poética, típica de quem já leu todos os malditos.

Point novo pra mim. No mesmo local onde os Scorpions tocaram mes passado. Clima legal, na margem do Bacanga. Só achei a cerveja caríssima. Não dá nem pra encarar 1/2 dúzia sem sair com aquela sensação de quem foi assaltado. Dá próxima tenho que tomar umas antes pra não deixar meus suados cobres nas mãos dos mercenários de plantão.

Zeca continua cantando e tocando muito. Até mais do que antes. Sua banda é fantástica e os arranjos das canções conhecidas às vezes mudam a cara das mesmas pois soam quase sempre como novas canções. Mas este talento já faz parte do velho Baleiro. No DVD do show com Fagner onde ele quase sempre parece embasbacado em cantar com o ídolo, ele também apronta no making off dando roupagem a velhas canções do Ave Noturna.

Vez em quando eu tiro onda dizendo que Zeca aprendeu a gostar de Fagner porque ele escutava o Revelação lá de casa quando ia na padaria de seu Ribamar,  no Monte Castelo, comprar uns pães à tardinha.

Claro que isso é folclore meu.

Depois de hora e meia de show e alguns bis, Zeca encerrou com solos dissonantes de Heavy Metal do Senhor agradecendo a platéia por este show na terrinha e às piabas enviadas pra ele lá da Baixada.

Afinal só quem é maranhense sabe o valor de uma piaba frita.


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS


Confesso, nunca abri o Kama-Sutra nem por curiosidade.

Daí quando li que a posição preferida de Juliana Paes no Kama-Sutra é o "barco a vela" pensei logo sacanagem com relação à posição do mastro.

Mas aí ela explicou como é que funciona a embarcação... Ah, tá bom...

Mas juro de pé junto que ainda assim pela descrição - deitada de costas, pernas levantadas, mãos nos tornozelos- eu associei a posição àquele aparelho de fitness revolution sei-lá-o-quê que vende pela tv em que o cara se movimenta, segurando duas  alavancas com as mãos, pra frente-pra trás, pra frente-pra trás...

Agora quando eu vejo o anúncio na tv eu fico pensando no exclusivo e revolucionário modelo Juliana Paes Revolution.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

EU QUERIA SER JOHN LENNON


Você já quis ser John Lennon? Odair José, já! A canção homônima começa com o verso confessional e matador de quem está sendo desprezado por sua cara-metade: "Eu queria ser John Lennon um minuto só/pra ficar no toca-discos e você me ouvir". PQP!!! ME OUVE SUA INGRATA!!!

Lançada no disco Assim sou Eu (1972) o petardo da canção está relacionado com o hit Imagine de John Lennon, que estourou nas rádios no primeiro disco solo do ex-beatle lançado um ano antes. Recentemente foi regravada no disco Tributo a Odair José, um revival de sucessos do artista interpretados por cantores de peso da MPB como Zeca Baleiro, Pato Fu, Paulo Miklos entre outros.

Endeusado por diversos artistas como Caetano Veloso com quem já fez dueto em "Eu vou Tirar você desse Lugar" e considerado brega até a medula por outros, Odair já tem seu lugar registrado no panteão dos compositores nacionais desde que foi referenciado por Rita Lee no hit "Arrombou a Festa": "O Odair José é o terror das empregadas/distribuindo beijos/arranjando namoradas..."

O auge foram os anos 70 onde ele  pode exercer toda sua verve poética ao som de seu violão destilando versos em assuntos polêmicos e outros tabus da sociedade brasileira, tendo que driblar por diversas vezes a censura imposta pela ditadura militar. São desta época os versos abaixo:

"Esta noite você vai te que ser minha/esta noite vai se feita pra nós dois/nem que seja dessa vez e nunca mais"
"Eu vou tirar você deste lugar/eu vou levar você pra ficar comigo/e não me interessa o que os outros vão pensar"
"Peço perdão mais uma vez se compliquei sua vida/não tenho culpa se você chorou, se não deu certo/foi tudo culpa do amor"
"Pare de tomar a pílula/porque ela não deixa nosso filho nascer"

Faz parte do meu repertório de recaídas musicais. Pronto, contei!

Pense num cara bom de ouvir encarando umas cervejas estupidamente gelada num churrasco domingo de manhã...

Segue a versão original. Mas se não quiser ouvir aqui procure também nos melhores botecos da luz vermelha.  Mas não diga pra patroa que fui eu quem recomendei.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

VINHOS, BARES & SARAUS


Hoje passando no centro histórico de São Luís, lembrei-me das happy-hours no Terraço Itália, no topo da ladeira da montanha-russa alguns níveis acima do nível do mar, onde nossa turma de violão & poesia costumava bebericar umas cervejas no fim de tarde em frente a baía de São Marcos.

Depois um barzinho underground, uns beijos, uns carinhos, um romance, um sarau na praça Gonçalves Dias; deixando poemas escritos dentro de garrafas de vinho vazias, pois durante um naufrágio é irrelevante fechar as escotilhas do barco.

Meu friend Celso, do Alma Brasileira, relembrou isso da última vez que nos vimos. Ele disse que guarda papéis destes dias, cifras e garranchos, poemas contaminados de juventude. Que não há lembrança melhor que aquelas guardadas pelo vinho.

Depois foi a vez de A.J. me telefonar em pleno domingo me dizendo que havia encontrado um pacote de cartas e outros escritos daquela época. Pensava que somente os piratas enterravam seus tesouros. Como os amigos guardam tantas recordações?

Depois disso enquanto caminho sobre paralelepípedos de sonhos pelos becos estreitos me vem na lembrança um poema de Fernando Pessoa: "Segue teu destino, rega tuas plantas, ama tuas rosas. O resto é sombra de árvores alheias"