quinta-feira, 11 de novembro de 2010

NOVA IORQUE, BRASIL


Anderson Clarkson da Silva, nosso imaginário morador de Nova Iorque não anda de carro. Religiosamente, às 7 em ponto, depois de um breakfeast de café preto e beiju ele sobe na sua Monark verde-abacate 1974, aro circular, e segue diretamente em direção ao seu cultivo de orgânicos, ou no coloquial novaiorquino nordestino, sua roça de milho e mandioca. 


E no sábado, quando volta do trabalho, sempre dá uma esticada no rio. Porque o rio continua lindo. E sábado é dia de praia cheia. E quando quer impressionar umas garotas, Anderson Clarkson as convida para dar uma volta no seu barco, modelo canoa a remo 3 lugares. De Nova Iorque ele as leva até o restaurante Cotê d'azur em Guadalupe. Elas não resistem.

Confuso, leitor? Eu explico.

No sudeste do Maranhão existe uma "fronteira internacional" pouco conhecida: do lado de cá, Nova Iorque e do outro lado, Guadalupe, no Piauí. E entre elas o rio Parnaíba.

Apesar de situar-se nas margens da MA-369, Nova Iorque parece uma daquelas cidades perdidas da rota 66. É um lugar tão remoto que nem é possível achá-lo corretamente no Google Maps; se você inserir Nova Iorque, Maranhão ele vai lhe direcionar erroneamente 500 km a noroeste do verdadeiro local, na Baixada Maranhense. A melhor maneira de visualizar sua localização é ir no Google Earth e procurar pela Represa de Boa Esperança onde nas suas margens situa-se Guadalupe, um oásis no Piauí. Repleta de lazer na área da represa, a cidade é tão "internacional" que nas minhas pesquisas para o post descobri que por lá tem até um restaurante chamado "Cotê d'azur". Vous parlez français, mon ami?

No auge dos V-8 nacionais, eu sonhava o dia que teria o meu possante com a placa de Nova Iorque-MA, a mesma que Anderson Clarkson ostenta na sua velha bicicleta de aro circular enquanto trafega despreocupadamente pela cidade.

O único risco que corre por lá é de levar uma queda quando os cachorros alvoroçados - sem outro ofício do que fazer na pacata cidade -  saem em disparada pelos portões das casas correndo atrás dos pneus da sua bicicleta quando ele passa fazendo trim trim com sua buzina para as novaiorquinas nas janelas.

E elas ficam sorrindo com aquelas carinhas piriguetes de Sex and the City.

Nenhum comentário: