terça-feira, 16 de agosto de 2011

NO SEU APARTAMENTO OU NO MEU?

O consumo fabrica termos histriônicos. Lá pelos meados dos anos 80 as balas passaram a ser soft, os cigarros light e os refrigerantes diets. Tudo pra passar a perna no consumidor encaixando palavras esquisitas em produtos comuns. Mas este é o papel dos publicitários: dar um novo significado às coisas que já tem um significado perene. Algo como anunciar em letras GARRAFAIS o lançamento de um sanduíche de bacon light. Bacon light? Onde o porco passou os últimos meses de vida? Num spa? 

De uns anos pra cá um termo que entrou em voga foi o flex, uma americanizada da palavra flexível, rebuscando seu significado na etimologia. A primeira menção que pegou do termo aconteceu nos carros quando passaram a ser bi combustíveis e se tornaram flex.. O impacto que esses modismos dão na cobiça alheia são fulminantes. O sujeito chega pro outro e diz: “-Meu carro é bi combustível e o seu?” O outro sujeito pra não ficar pra trás, diz na bucha: “-Não, mas minha mulher é bissexual e a sua?” Por último eu olhei um tal de cheque flex cujo motivo do nome eu ainda não descobri ( deve ser porque o cheque vai e volta de tão flexível! KKKKK!!!!). Mas o termo não encontrou melhor significado em minha opinião do que na relação entre casais. Sabe aquele papo do tipo “minha relação é flexível?” É disso que eu tô falando.  E olha que eu sou do tempo que a única coisa flexível que eu sabia que existia no sexo era o hímen.

Só pra voltar na pré-história da coisa, antigamente os swingers se comunicavam através de anúncios publicados em revistas masculinas. Um casal olhava o anúncio, mandava uma carta dizendo que estava interessado e pedia uma foto do outro casal que ao receber a missiva, acatava ou não a solicitação ou ainda colocava um condicional: “Ok! Topamos o encontro, mas só vamos mandar a foto depois que vocês mandarem a de vocês”. Assim, meu amigo, não tinha tesão que agüentasse!!!! Era uma espera de meses sem nenhuma garantia. Quase como comprar celular chinês pela internet com pagamento adiantado no cartão de crédito.

A evolução que acompanhou a globalização foi uma porteira aberta à diversidade das relações e suas flexibilizações. A troca de missivas entre os swingers evoluiu para as relações abertas, sexo a três, suruba, troca de casais e todas essas coisas que andam a solta por aí no apartamento ao lado do seu, numa casa de drinks, com sua melhor amiga, na internet ou na sua tv a cabo. E o que dizer dos motéis? Motel era conhecido como chatô e ficava num lugar muito escondido e enrustido na periferia das cidades. Hoje os motéis ficam nas principais avenidas da cidade e flexibilizaram tanto seu atendimento que já fazem concorrência com as lanchonetes e os restaurantes da região, afinal existe pouca diferença no ramo de atividade entre estes comércios porque os clientes que entram ali entram pra comer. O que muda é só a carne.

Pra enriquecer este post eu fiz uma pesquisa sobre o que rola, além de uma moia de chifres, na cabeça destas pessoas que mantém uma relação flex. Descobri que a maioria das relações abertas só vai até onde o chifre começa a doer. Se um parceiro transa com outra pessoa com o consentimento da outra metade, é uma relação aberta. Se transar sem avisar é traição. Se se apaixonar, lascou.

Diz a sabedoria popular desde os meus tempos de menino que o beijo é como o ferro elétrico: liga em cima e esquenta embaixo. Os primeiros beijos cinematográficos que escandalizavam as famílias puritanas eram apenas um roçar insosso de lábios. Hoje é uma espécie de exame de amídalas feito com a língua alheia. E os atores dizem que tudo é feito da forma mais profissional possível. Da mesma forma, a atriz pornô que após uma sessão de gang-bang com uma trupe de garanhões, volta pra casa pra cuidar da família como se seu trabalho fosse monótono e rotineiro depois de apertar tantos parafusos. O amor flex é lindo. Ninguém é de ninguém e todo mundo é de todo mundo.  Ah, esses artistas........ 


Eu como sou um cara romântico a única coisa bonita que eu acho na relação flex é a pergunta: “-No seu apartamento ou no meu?” Desde que a proposta seja feita entre pessoas de sexo oposto. Obviamente.

2 comentários:

Priscila Leandro Pacheco disse...

hauahuahuahua Romântico é? sei......

Antonio José Rodrigues disse...

Jorge, rapaz, conheci uma menina bonitinha pra caramba, no entanto, depois de gastar o verbo convencendo-a a dormir comigo, ela disse: "sou flex". Perguntei-lhe, meio intrigado, "q porra é essa?". Disse-me: "Transo com homens e com mulheres". Dormi sem transar: sou modelo antigo. kkkkkkkkkk