quinta-feira, 24 de maio de 2012

SÓ DÓI QUANDO É NO SEU

Hoje pela manhã enquanto tomava meu breakfast (um nome chique pro meu pão com manteiga e café) e assistindo ao jornal local, surpreendi-me com os nuances da língua portuguesa. Que os digam os acadêmicos Manuel Raimundo Fonseca e Francelino Bouéres. 

Parafraseando o jargão militar que utiliza frases do tipo "o elemento evadiu-se do recinto", os telejornalistas também tratam bandidos que foram presos em flagrante delito como suspeitos. Parece que é pra não ofender as disgranhas. Bullying, só pode... Sendo assim, quem é bandido então? Porque de suspeito basta eu, lá pelos idos da 7ª série, de soltar uma bomba de murrão no corredor da escola bem no pé da santa. Daí que aparece este elemento (rapaz, esse português militar é contagioso) às 3 da manhã num caixa eletrônico com tubos de oxigênio, acetileno e solda, tava fazendo o quê? Churrasco? Só se for de onça ou de garoupa.

Pra dirimir dúvidas, fui lá no pai dos burros resgatar o significado da palavra suspeito pra enquadrá-la no contexto como alguém de quem se faz uma suposição do tipo "ah, pode ser ele, será? Ó dúvida cruel!!!"

Diz lá que suspeito é:

adj.
1. Que causa suspeitas.
2. Que é de diagnóstico reservado (falando de doenças).
3. Que não inspira confiança.
4. Que se deve evitar; perigoso.

E que suspeitar é: -
v. tr.
1. Conjecturar, julgar, supor ou imaginar com certos dados mais ou menos seguros.
2. Considerar ou taxar por suspeitas.
3. Imputar por suspeitas alguma qualidade a (alguém).
v. intr.
4. Fazer suposição; ter desconfiança.

Então, caríssimo leitor, entre suspeita e certeza,  responda rápido:  seu melhor amigo anda desconfiado que tá levando chifre e um dia encontra você pelado e de barraca armada às 3 da manhã no quarto da namorada dele. E aí?
Você vai ser tratado como: a) suspeito de que tá comendo a periguete b) com certeza o cara que tá comendo a periguete c) um sonâmbulo que errou de casa

Interpretação é questão de ângulo. Ou como dizia Clovis Bornay: só doí quando é no seu.

E, suspeitas à parte, aproveitando as brechas legais das prescrições permitidas em lei em benefício próprio e desfazendo qualquer mal entendido que possa ter acometido outro aluno inocente, mando o recado pra diretora do colégio, aquele lá da 7ª série, que fui eu mesmo quem soltou a bomba de murrão.

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