quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

UM FOSSO INTRANSPONÍVEL


O fosso que separa o Terceiro Mundo do Primeiro Mundo é muito mais largo e profundo do que a ideia que tentam nos passar. Aliás, hoje em dia, nem se fala mais em Terceiro Mundo. Fala-se em países emergentes pra soar politicamente correto. Mas é a mesma coisa. Somente um artifício do uso de uma linguagem rebuscada pra iludir os incautos.

Eu pessoalmente prefiro Terceiro Mundo porque me engano com a ideia de que um dia chegarei ao Primeiro Mundo. Nem que seja pegando um avião pra Londres ou Nova York. O termo emergente me reporta a uma coisa que afundou e que está tentando subir de alguma forma. E garanto que não afundamos na água.

E porque eu estou falando tudo isso? É por conta de dois acontecimentos recentes. A prisão do australiano Julian Assange, o cara por trás do WikiLeaks e o assassinato de um torcedor do Cruzeiro por uma gang se passando por torcedores do Atlético Mineiro.

Lá no Primeiro Mundo os americanos estão tentando deportar o australiano, que está detido por acusações de estupro na Suécia, e transferi-lo para Guantanamo com intuito de condená-lo a morte por terrorismo. Ou seja, o que para o mundo soou como liberdade de imprensa e informação, na medida em que os dossiês do WikiLeaks sobre o lado podre da política americana eram compartilhados com os principais veículos de comunicação, para os americanos Assange não passa de um terrorista cibernético cujo destino deve ser o famigerado presídio. 

Aqui no Brasil, país que tem mais faculdades de Direito que os EUA e por conta disso deveria ter um sistema judiciário mais eficiente, um juiz mineiro mandou soltou os cinco torcedores detidos pelo assassinato do cruzeirense, durante um torneio de Vale Tudo, por causa de "incoerência nas investigações".

Só para ilustrar o acontecido, a agressão que causou a morte do torcedor foi registrada por câmeras de segurança de um Shopping que possibilitou o delegado identificar os suspeitos. Ou seja: fatos e provas.

Pergunto-me então,  qual o significado do termo "incoerência nas investigações"? Será que ficaram em dúvida se o rapaz realmente morreu?

A sensação que tenho em nosso judiciário de Terceiro Mundo é de que mesmo com provas substanciais, os culpados continuam impunes e livres. Ou seja, por aqui a vida não está valendo nada, mesmo que se prove o contrário.

O fosso continua largo e profundo.

E continuamos submergindo numa massa asquerosa e fedorenta.

Um comentário:

Antonio José Rodrigues disse...

Sem comentários, Jorge, pois não quero me irritar com o nosso imaculado judiciário. Abraços