terça-feira, 28 de setembro de 2010

SOBRE RELÍQUIAS, CRENÇAS E VINICIUS DE MORAES

 O filho de Osama Bin Laden relatou em entrevista recente aspectos de sua infância durante o período em que passou com seu pai no Afeganistão e corroborou para ratificar a imagem de xiita do terrorista mais procurado do mundo.

Das experiências no deserto afegão sob privação de água, ao voluntariado forçado para tornar-se homem-bomba em favor da causa do Islã. Meses depois ocorreria o atentado de 11 de setembro contra as Torres Gêmeas em que morreram 3.000 civis americanos.

Caetano Veloso, a Paris Hilton baiana, comentou na época sobre Bin Laden e disse: “Ele é lindo!” Poderia ter acrescentado: “Queria que ele me explodisse todinho!” Faria mais sentido, pois não iria de encontro à dor das famílias que perderam seus parentes pela violência exarcebada do fanatismo religioso.

Semana passada assisti na TV um documentário sobre a possibilidade de Sudário de Turim ter sido feito por Leonardo da Vinci sob encomenda de um nobre fiorentino, que atuava como mecena de artistas da época e que, similarmente a tantos outros nobres mantinham acervos particulares de relíquias religiosas as quais os devotos pagavam para admirá-las.

O que me chama atenção neste ponto é o termo relíquia, pois sempre me reporta a alguma coisa de valor ou alguma coisa na qual as pessoas pagariam para obtê-la a fim saciar um desejo íntimo e intangível. Coisas simples como a figurinha de um álbum de futebol, uma revista masculina dos anos 80 com Luiza Brunet na capa, um ingresso original de um show dos Beatles, por exemplo. As pessoas diriam: “Nossa isso é uma relíquia!!! Quer vender? Quanto custa?”

O que estes dois acontecimentos tem em comum? Que a exploração do sentimento religioso não é coisa nova. O que os pastores evangélicos, por exemplo, fazem hoje na tv quando vendem água milagrosa engarrafada é apenas fruto de um trabalho de marketing que atravessou séculos e séculos até chegar no mundo globalizado da informação onde eles se aproveitam das fraquezas humanas para obter o lucro de sua religião em reai$$$.

Não quero contudo derramar o fel sobre a religião de ninguém. Só acho que ninguém merece ser coagido por religião alguma, imolar seu corpo ou explodi-lo em praça pública com promessas de uma vida melhor do outro lado. Nesse ponto, penso e cito Vinícius de Moraes: "vida só se tem uma / duas mesma que é bom/ ninguém vai me dizer que tem/ sem provar muito bem provado/ com certidão passada em cartório do céu/ e assinado em baixo: Deus/ e com firma reconhecida"

Cada um tem suas crenças e o direito de acreditar no que quer ou não acreditar em nada. O alimento de nossa existência é aquilo que queremos ser. E só.

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