segunda-feira, 9 de novembro de 2009

ENGARRAFAMENTOS: PRA ONDE VAI O IMPOSTO QUE PAGAMOS?


O maior defeito da gestão pública é que quando ela é deficiente a gente só percebe o estrago em longo prazo. A gente sabe que a coisa vai indo mal, se engana imaginando que alguém vai resolver e quando se dá conta o caos está generalizado. Falo dos engarrafamentos nas cidades brasileiras. Estou omitindo “grandes cidades” porque hoje em dia as cidades não precisam ser grandes para ter engarrafamentos.

A solução pra mim é simples. Chama-se investimentos. Com recursos dos impostos que pagamos sobre aquisição, uso e manutenção dos veículos que usamos. Simples assim. Difícil é saber quem vai fazer, pois não existe atitude nem em repintar as faixas de pedestres apagadas da cidade.

Eu me lembro do aero-williams do meu pai que ele abastecia de vez em quando com gasolina azul de aviação e que as BR’s eram bem sinalizadas e administradas pelo DNER com aquelas placas que hoje a gente só vê nos manuais pra tirar carteira de motorista. Hoje não se vê sinalização de boa qualidade nem nas principais ruas nem avenidas da cidade. Quando existe ela é precária e mal conservada. Até os faróis dos semáforos estão perdendo a cor. Tem horas do dia que não se sabe se tá vermelho, verde ou tudo apagado. Até os guardas de trânsito sumiram. Virou terra de ninguém. Só o Estado arrecada. E o dinheiro vai pra onde?

Dados de outubro/2009 indicam que São Luís foi a 14ª cidade do país com aumento de frota nos últimos 8 anos com crescimento de 102% no número de veículos, superando Fortaleza e São Paulo que cresceram 59% e 47% respectivamente no mesmo período.
A cidade conta com uma população de 997.098 habitantes e a frota de veículos entre 2001 e 2009 passou de 99.759 para 201.702. São Luís tem 1 carro para cada 5 habitantes.
A pergunta que se faz é a seguinte: para onde vão os impostos que pagamos sobre o preço do automóvel, da gasolina misturada e do IPVA?

Façamos as contas e vamos chegar a um resultado de centena de milhões de reais/ano. que deveria ser utilizado para melhorar a qualidade do trânsito para motoristas e pedestres. O imposto embutido no valor do veículo é de até 40%; na gasolina misturada, cerca de 50% e o valor de IPVA varia de 2% a 5% do valor do veículo conforme o Estado ou Município.

Faz cerca de 30 anos que não há uma renovação da malha viária da cidade, embora a pelo menos uma década já houvesse esta necessidade. No entanto, as concessionárias comemoram seus recordes de vendas, o governo comemora o aumento da produção do petróleo, até o Detran comemora quando é época de cobrar o IPVA.

Enquanto isso, no trânsito, imagino utopias. Imagino se a vida vai imitar a ficção e a solução para os engarrafamentos será aquela apontada em Minorty Report, onde os carros deslizam por rodovias verticais. Porém até as utopias necessitam de atitudes para serem realizadas. Como utilizar os impostos que pagamos de forma inteligente e honesta, num bem comum para todos.

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