sexta-feira, 27 de novembro de 2009

MAL SECRETO: RAIMUNDO CORREA


Raimundo Correa nasceu a bordo do navio São Luís em águas maranhenses em 13 de maio de 1859 e faleceu em Paris em 13 de setembro de 1911.  Foi o fundador da cadeira nº 5 da Academia Brasileira de Letras.
Sua obra atravessa 3 escolas clássicas: o Romantismo, o Parnasianismo e o Simbolismo, mas uma característica marcante, principalmente nos seus sonetos mais conhecidos, é que eles carregam uma aura sombria de pessimismo o que não representa um dom menor, pois juntamente com Alberto de Oliveira e Olavo Bilac formaram a trindade parnasiana.
O poema a seguir me reporta à 8ª série onde o falecido professor Evílton nos sabatinava, transformando-nos em exegetas, para dissecar todo o contexto gramatical do poema, incluindo todas as funções da partícula "se ".


MAL SECRETO


Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!


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