terça-feira, 3 de novembro de 2009

O QUE ABBEY ROAD E NELSON GONÇALVES TÊM EM COMUM?


Meu pai tinha a minha idade quando os Beatles lançaram Abbey Road, mas eu sou um daqueles caras que dizem que este disco nunca foi lá pra casa. Digo assim porque naquela época as pessoas comuns em São Luís não estavam tão antenadas com o que se passava no mundo. Éramos consumidos pelo que vinha na TV – em preto e branco – e pela mídia ufanista. Lá em casa não foi diferente e entre alguns discos que eu me lembro de ter ouvido na pequena radiola Phillips estão Os Incríveis e Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura. Bom, já era alguma coisa. Sem contar do fascínio que meu pai tinha por Nelson Gonçalves. E esta era minha concepção musical do mundo.

Falando assim me reporto a duas entrevistas que li alguns meses atrás: uma de Samuel Rosa, do Skank e outra de Liam Gallagher, do Oasis. Samuel Rosa conta do disco dos Beatles que o pai comprou quando ele era moleque e que gostava tanto de ouvir aquelas música que andava com o disco debaixo do braço pra cima e pra baixo e que era sempre convidado para as festas do bairro, na condição de que levasse o disco. Liam faz um texto endeusado aos Beatles, porém mais direcionado a Lennon e o impacto que teve a morte do ídolo, assassinado por um imbecil.

Eu penso que quase tudo de bom que se ouve no pop e no rock é uma espécie de evolução darwiniana do som dos Beatles. E muita coisa ainda soa como colagem. Ouça Revolver e ouça Raveonettes, por exemplo. Oasis então... Os caras são fãs escancarados dos Beatles. Tocam talvez como os Beatles tocassem hoje.

Quem me conhece há menos tempo sabe que eu sou fã do Oasis. E é verdade. Quem me conhece dos velhos tempos, acredita que meu cantor predileto é Fagner. Sem decepcioná-los, é parcialmente verdade. Como não ando pelas bandas de Manchester, certa vez, num bar na madrugada em Fortaleza, encontrei Fagner encostado na parede aguardando a vez de voltar ao jogo de sinuca e como fã do cara fui lá puxar um assunto. Conversamos cinco minutos e nem me lembro do que falamos, pois estava extasiado por aquela oportunidade: o fã e o ídolo. Se me tivesse "estartado" a idéia naquela madrugada, teria sugerido que gravasse Pensando em Ti, de Nelson Gonçalves ( "eu amanheço pensando em ti..."). Esta foi uma das canções que eu ouvia no toca-discos, a pilha, do meu pai na época de Abbey Road. E eu nem sabia direito o que era uma faixa de pedestres.


Um comentário:

Leonardo Xavier disse...

Eu acho legal o som do Oasis, mas eu brinco com uns amigos que eles são a banda cover mais famosa do mundo! kkkk!