sexta-feira, 13 de novembro de 2009

OUTROS CARNAVAIS


Revirando minhas foto antigas deparei-me com esta que ilustra o texto. Acho que tinha uns 5 anos nesta época, no máximo, e a foto foi tirada por meu pai na sua Yashica Mat LM, no sobrado do meu tio-avô Humberto.

Era costume da família passar os carnavais no sobrado da Rua do Passeio, pois o corso desfilava por lá, vindo desde a Rua São Pantaleão. Lembro de ficar numa das várias janelas, arremessando serpentinas e confetes sobre os blocos e transeuntes.

O desfile começava com os blocos de sujo, depois vinham as tribos de índios, os blocos tradicionais, a casinha da roça e no final as escolas de samba. Cada bloco daquele tinha um som peculiar. Único. Do bater de lata de uns ao tambor ritmado de outros. Era a identidade daqueles carnavais.

Depois que eu me vi por gente, pelo mundo, vieram os carnavais nos clubes: Casino, Jaguarema e Lítero. Este o mais disputado e você só entrava se fosse sócio ou tivesse convite. Eu, geralmente, não tinha nem um nem outro e, às vezes, entrava escondido num porta malas de carro ou com a carteira de alguém que nem de longe se parecia comigo. E a noite toda embalado por doses de cuba libre e som de Nonato e seu Conjunto.

Dali pra Praça Deodoro foi só um pulo. O point era no início da Rua do Sol onde a galera se deixava levar nas tardes embaladas ao som de trio elétrico, Flor do Samba e Turma do Quinto; balançando o chão da praça entre doses homeopáticas de cervejas, nuvens de maisena, temporais de fevereiro e azarações nas amigas e suas colegas.

Era um tempo de descompromisso com o futuro que viria. Era o início dos nossos vinte anos mas a gente bricava como se fosse pra sempre. Eram outros carnavais.

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