quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A TURVA MÃO DO SOPRO


Conheci a obra de Ferreira Gullar através do Toda Poesia, lançado pela Ed. Civilização Brasileira, logo após seu retornou do exílio no início dos anos 80. Nessa época eu estava vivendo meu exílio cultural em Fortaleza e a densidade da poesia aliada a citações de lugares tão conhecidos narrados de forma intrínseca, abalaram minha maneira de ver aquele mundo do qual eu fazia parte e nem havia me dado conta. Nunca mais fui o mesmo.

O Todo Poesia é o básico para se entender o criador a e criatura pois ele abrange desde os primeiros desassossegos do poeta com a forma e a linguagem poética, atravessa os anos 60 rasgando por dentro os conflitos políticos, as guerras, a contracultura, a vanguarda, o exílio e a saudade sempre transparente de São Luís, com suas ruas, becos, alagados, mangues e nuvens espalhadas na velocidade do céu azul.

No domínio da linguagem e sem dever nada à poesia, Gullar também é autor de ensaios, crônicas, ficções, colagens, roteiros, entre outros, que valem a pena ser espiados na página do autor em literal.terra.com.br/ferreira_gullar/ . Um poeta multimídia antes da criação do termo.

Com 60 anos de carreira, próximo a completar seus 80 anos de idade e com reedições de sua obra, ele deverá ser o homenageado da 3ª Feira do Livro de São Luís que acontece este mes na Praça Maria Aragão, no Jenipapeiro "onde uma caldeira enferrujava na areia da praia"*.

* verso do poema Evocação de Silêncios de Ferreira Gullar.

2 comentários:

marcos assis disse...

ouvir esse cara declamando é uma aula pro espírito!

Jorge Jansen disse...

Injeção na veia